quinta-feira, 7 de junho de 2007

Gramática da língua portuguesa da Galiza

Com a publicação no Portal Galego da Língua (http://www.agal-gz.org/) do dicionario e-Estravis, os utentes da língua portuguesa da Galiza temos, pola/pela primeira vez, ao nosso dispor, uma ferramenta fiável para podermos empregar com propriedade o léxico do nosso idioma, permitindo, ao mesmo tempo, valorizarmos e conhecermos a imensa riqueza léxica que atesoura a nossa variante galega. Parabéns para todos os que fizérom/fizeram possível esta iniciativa que, aliás, permite pesquisar termos em quaisquer das ortografias hoje empregues na Galiza (ver a ligação em baixo) E parabéns, claro, em primeiro lugar, ao Professor Isaac Alonso Estraviz polo/pelo imenso labor desenvolvido que oxalá tenha longa e frutífera continuidade neste e noutros projectos.
Os utentes da língua portuguesa da Galiza precisamos, também, de uma gramática que, duma perspectiva galega lusófona, recolha uma visão global da língua com aquelas peculiaridades galegas que, não devidas à influência castelhana, podem e devem fazer parte da língua portuguesa em geral, da língua portuguesa da Galiza em particular.
Para quando uma gramática destas características? Quais dos usos gramaticais utilizados hoje na Galiza são castelhanismos e quais são legítimamente galegos e, portanto, também lusófonos ainda que não sejam usados em Portugal e outros países de língua portuguesa? São perguntas que uma gramática da língua portuguesa da Galiza poderia esclarecer, deixando de lado castelhanismos, admitidos e mesmo promovidos pola/pela normativa actualmente dita oficial do galego (RAG-ILG), norma esta que considera o galego língua independente do português mas, na prática, subordina-a e dialectaliza-a, tornando-a subsidiária –simples apéndice-, do espanhol.
Os que consideramos o galego como mais uma variante da língua portuguesa (tanto tem chamarmos-lhe assim, como língua galego-portuguesa ou, ainda, galega sem mais) precisamos desta e doutras ferramentas que nos permitam oferecer à sociedade e ao mundo o nosso modelo alternativo de cultura galega, ao ver do Luar de Janeiro, o único ainda viável, fazendo do galego língua universal, veículo de uma cultura aberta a vários continentes, fazendo parte dum universo partilhado por cerca de duzentos milhões de pessoas que hoje falam a nossa língua. A nossa língua, dixo/disse Castelão, floresce em Portugal, mas ela devia florescer, também, na Galiza.
Polo/pelo de agora, e como ferramenta provisória, temos a Gramática da Língua Galega* de Xosé Ramón Freixeiro Mato que, no fundamental, cumpre essas exigências de uso correcto e não castelhanizado, propugnando um modelo de língua que bem pode passar por lusófono galego. Só lhe falta ela não asumir na prática a opinião que, aliás, o autor partilha teoricamente, de galego e português serem a mesma língua e, com valentia, dar o passo de ajeitar a ortografia castelhanizante da sua obra, seguidora da norma dita oficial, à nossa ortografia tradicional e lusófona, única verdadeiramente galega.
Aqui, o Luar de Janeiro propõe-se, entre outras cousas/coisas, contribuir para a delimitação desse padrão galego lusófono ainda em construção, oferecendo algumas curiosidades sobre formas de expressão e variantes que foi pesquisando aqui e acolá, nessa janela aberta ao mundo e às histórias que as gerações que nos precedérom/precederam nos contaram, que são os livros.
Naturalmente que as humildes opiniões do Luar de Janeiro poderão ver-se, mais de uma vez, desmentidas por achegas de pessoas mais conhecedoras dos segredos da língua. Todos os comentários serão bem-vindos sem quaisquer restricções/restrições. O Luar quer agradecer a todos a atenção e a colaboração.
*Freixeiro Mato, Ramón (1998-2003) Gramática da Língua Galega(Vols. I, II, III, IV) Vigo: Edicións A Nosa Terra.

4 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, Luar de Janeiro!
Acho que o teu contributo vai ser interessantíssimo para este difícil mundo do português da Galiza; fico à espera de muitas surpresas!

Ibericus disse...

Este blogue foi contemplado com o prémio Dardos. Parabéns!

Mais: http://alemguadiana.blogs.sapo.pt/tag/pr%C3%A9mio+dardos

Anônimo disse...

O isolacionismo é a prova dos medos que atormentam os irmãos galegos. Só com informação e esclarecimento o poderão ultrapassar...

Venâncio disse...

Avante, Luar de Janeiro! Fico aguardando os seus contributos, que vão ser - tenho a certeza - da maior utilidade.